Boa tarde, hoje vamos falar sobre o livro Futuro Ancestral Começando pela biografia do autor
Maria Paula Moura Bouret Bayer
AILTON KRENAK é um filósofo originário: desentranha do pensamento indígena uma forma que os ocidentais se habituaram a reconhecer como filosofia e a confronta, à medida que também a apro-xima, com os modos especulativos europeus e outras cosmovisões tradicionais.Diz Krenak neste livro que o futuro é ancestral. O que de imediato evoca He-ráclito, para quem origem é destino. Mas Krenak vai além para se referir de modo implícito e concreto à ancestralidade como a própria terra, pensamento que se assemelha a perspectivas de matriz africana. Quer dizer, isso que sempre esteve aí, como o mais próximo de nós no passado, está agora e estará depois, como eterna presença do ser.A leitura dos textos aqui reunidos é uma experiência de romper o espaço entorno em busca de algo que ainda não se conhece, mas se pressente. É uma viagem com o transe da paixão pela descoberta.O Watu e os outros rios de que falaKrenak, junto com seus seres, são entidades vivas, astutas o suficiente para mergulhar em busca de lençois freáticos e escapar do bullying das lajes de cimento que tentam lhes aprisionar o fluxo, ou mesmo sobreviver ao ecocídio tóxico dos detritos. Mas o rio também é terra, é árvore, está na gente por dentro e por fora, nos ciclos infindos das metamorfoses vitais do planeta. No Fédon, de Platão, Sócrates ensina que filosofia é música.